Instituto da Tireoide e Laringe

A radiação como fator de risco para o câncer de cabeça e pescoço: o que você precisa saber

Entenda a relação entre a exposição à radiação ionizante e o aumento do risco de desenvolver câncer de cabeça e pescoço, incluindo o papel significativo dessa radiação no desenvolvimento de câncer de tireoide e as medidas de proteção essenciais para minimizar os riscos associados.  

 

A radiação está em toda parte, mas você sabia que sua exposição pode estar ligada ao risco de câncer de cabeça e pescoço? Este artigo mostra como a radiação ionizante, uma forma poderosa de energia, pode ser tanto uma ferramenta essencial na medicina quanto um fator de risco para graves condições de saúde.  

 

Exploraremos o impacto específico da radiação na incidência de câncer em áreas críticas como a tireoide e o pescoço, detalhando tanto os usos médicos quanto os perigos potenciais. Continue a leitura para entender melhor as medidas de segurança necessárias e como você pode se proteger efetivamente contra a exposição desnecessária.

O que é câncer de cabeça e pescoço?  

O câncer de cabeça e pescoço é um termo amplo que abrange diversos tipos de cânceres que se desenvolvem em regiões como a cavidade oral (que inclui os lábios, a língua e o palato), a faringe (garganta), a laringe (caixa vocal), as glândulas salivares, as cavidades nasais e os seios paranasais. Estes cânceres geralmente começam nas células escamosas que revestem as superfícies mucosas destas áreas, conhecidos como carcinoma de células escamosas.  

 

Se quiser entender mais sobre o assunto, o Instituto da Tireoide&Laringe produziu um conteúdo explicando os mitos e verdades do câncer de cabeça e pescoço.

A radiação é um fator de risco para câncer de cabeça e pescoço? 

Sim. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, a exposição à radiação pode aumentar o risco de desenvolvimento de doenças, inclusive câncer.

Embora a exposição ocupacional ou ambiental à radiação seja relativamente rara como causa de câncer de cabeça e pescoço, há algumas situações específicas em que ela pode desempenhar um papel mais significativo. 

Um dos exemplos mais notáveis é o desenvolvimento de câncer de tireoide após a exposição à radiação ionizante, especialmente em crianças. A glândula tireoide, localizada na região do pescoço, é particularmente sensível à radiação. A exposição pode ocorrer devido a acidentes radioativos ou mesmo tratamentos médicos que envolvem radiação (como radioterapia para tratar outras formas de câncer).  

Para outros tipos de câncer de cabeça e pescoço, a conexão com a radiação não é tão diretamente estabelecida quanto para o câncer de tireoide, mas a exposição a altos níveis de radiação ainda é considerada um fator de risco.

 

Qual é a natureza da radiação? 

A radiação pode ser classificada em dois tipos principais, com base em sua capacidade de ionizar átomos e moléculas: radiação ionizante e radiação não ionizante. Essa classificação é importante para entender os diferentes riscos à saúde associados a cada tipo de radiação.

 

Radiação ionizante 

A radiação ionizante possui energia suficiente para arrancar elétrons de átomos ou moléculas, criando íons. Esse processo pode causar danos ao DNA e às células, o que pode levar a mutações genéticas e, eventualmente, ao câncer.  

A radiação ionizante é amplamente utilizada em aplicações médicas, como radiografias e radioterapia, e em pesquisa científica. Veja as formas de radiação ionizante com aplicações na medicina:  

  • Raios X: os raios X são gerados por processos que envolvem elétrons. São amplamente utilizados em diagnósticos médicos devido à sua capacidade de penetrar tecidos moles e ossos, permitindo a visualização interna do corpo humano. 
  • Raios Gama: os raios gama são uma forma de radiação eletromagnética produzida pelo núcleo atômico. São utilizados no tratamento de câncer, onde sua alta energia é direcionada para destruir células cancerosas, sendo uma forma eficaz de radioterapia.

 

Radiação não ionizante  

A radiação não ionizante não possui energia suficiente para ionizar átomos ou moléculas e, portanto, é considerada menos prejudicial ao DNA e às células do que a radiação ionizante. No entanto, em altas intensidades, pode causar aquecimento dos tecidos e potenciais danos. 

A radiação não ionizante é amplamente utilizada em comunicações, aquecimento e tecnologias de diagnóstico médico. Inclui:  

  • Luz Visível e Ultravioleta (UV): a luz UV tem energia mais alta dentro do espectro não ionizante e pode causar queimaduras solares e danos aos olhos, além de contribuir para o risco de câncer de pele. 
  • Campos Eletromagnéticos de Frequência Extremamente Baixa (ELF-EMFs): gerados por linhas de energia elétrica e aparelhos elétricos. A pesquisa sobre seus efeitos na saúde ainda está em andamento. 
  • Infravermelho: principalmente associado ao calor, é usado em aquecedores, controles remotos e termografia. 

 

Outras formas de exposição incluem: 

  • Indivíduos que trabalham na indústria nuclear ou em torno de equipamentos que emitem radiação, como instituições médicas ou laboratórios.  
  • Trabalhadores em minas subterrâneas de hematita, devido à exposição ao radônio, um gás radioativo natural que pode ser liberado durante a mineração.

Cada tipo de radiação tem suas próprias aplicações e medidas de segurança associadas para proteger contra potenciais danos à saúde. Enquanto a radiação ionizante requer precauções rigorosas devido ao seu potencial para danificar o DNA, as preocupações com a radiação não ionizante geralmente giram em torno do aquecimento tecidual e possíveis efeitos a longo prazo.

 

Dicas para evitar exposição desnecessária à radiação  

Minimizar a exposição desnecessária à radiação é importante para proteger a saúde a longo prazo, reduzindo o risco de efeitos adversos, como danos ao DNA e desenvolvimento de câncer.  

Veja algumas dicas práticas para ajudar a prevenir a exposição desnecessária às duas formas de radiação.

 

Radiação ionizante 

Proteção durante procedimentos médicos: se um procedimento que envolve radiação for necessário, o profissional de certifique-se de que a área do corpo exposta seja limitada ao mínimo necessário e que seja usada proteção adequada, como aventais de chumbo. 

Evitar exposições ocupacionais e ambientais: para profissionais que trabalham com radiação (em hospitais, laboratórios ou indústrias), é essencial seguir rigorosamente as diretrizes de segurança, usar equipamentos de proteção individual e monitorar a exposição com dosímetros.

 

Radiação não ionizante 

Uso consciente de dispositivos eletrônicos: mantenha os dispositivos móveis longe do corpo quando possível e use fones de ouvido ou o viva-voz para chamadas. Limite o uso de tablets e smartphones por crianças. 

Gestão da exposição ao sol: use protetor solar de amplo espectro para proteger contra a radiação ultravioleta (UV), especialmente entre 10h e 16h, quando a radiação solar é mais intensa. Chapéus, óculos de sol e roupas de proteção também são recomendados. 

Iluminação saudável: prefira fontes de luz natural ou lâmpadas que emitem menos luz azul no ambiente doméstico, especialmente à noite, para minimizar a exposição à luz que pode perturbar o ciclo do sono.

 

Possíveis sintomas de câncer de cabeça e pescoço  

Os sintomas do câncer de cabeça e pescoço podem variar dependendo da localização específica do câncer, mas existem vários sinais e sintomas comuns que podem indicar a presença dessa doença. 

É importante lembrar que muitos desses sintomas também podem ser causados por condições benignas, portanto, é essencial consultar um profissional de saúde para um diagnóstico adequado. Os possíveis sintomas incluem: 

  • Feridas que não cicatrizam: feridas na boca, língua ou lábios que não cicatrizam podem ser um sinal de câncer de cabeça e pescoço. 
  • Mudanças na pele: crescimentos, manchas ou feridas na pele do rosto ou do pescoço que não desaparecem podem ser indicativos de câncer. 
  • Dor ou dificuldade para engolir: dificuldades para engolir (disfagia) ou dor persistente ao engolir podem ser sinais de câncer na garganta ou no esôfago 
  • Mudanças na voz: rouquidão ou mudanças na voz que não melhoram após algumas semanas podem indicar câncer de laringe. 
  • Massa ou caroço no pescoço: um caroço persistente no pescoço pode ser um sinal de câncer, especialmente se continuar crescendo. 
  • Problemas respiratórios: dificuldades para respirar ou ruídos respiratórios persistentes podem ser sinais de obstrução causada por um tumor.  
  • Perda de peso inexplicada: a perda de peso sem motivo aparente pode ser um sinal de muitos tipos de câncer, incluindo câncer de cabeça e pescoço. 

 

Agora você sabe que embora nem toda exposição à radiação possa ser evitada, adotar boas práticas pode ajudar significativamente a reduzir o risco de efeitos prejudiciais à saúde. É importante estar informado sobre as fontes de radiação no cotidiano e tomar decisões conscientes para minimizar a exposição.  

Se você está preocupado com possíveis sintomas de câncer de cabeça e pescoço saiba que é importante realizar o diagnóstico precocemente para iniciar o tratamento o quanto antes. Agende uma avaliação com nossa equipe do Instituto da Tireoide & Laringe oferece consultas especializadas na área, onde será feito o diagnóstico e indicado o melhor tratamento para cada caso.

Dr. Francisco Amorim

Dr. Francisco Amorim

Dr. Francisco Amorim é Doutor pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e Mestre pelo Hospital Heliópolis. Ele é Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (TCBC) e atua como médico credenciado nos Hospitais Mater Dei Premium e Israelita Albert Einstein, em Goiânia-GO.
Membro ativo da Sociedade Latino-Americana de Laringologia e Fonocirurgia, Sociedade Latino-Americana da Tireoide, Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF).
É diretor técnico do Instituto da Tireoide & Laringe (ITL), além de pesquisador e autor de artigos na área, destacando-se por sua contribuição significativa à ciência médica.

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