Instituto da Tireoide e Laringe

Ferida na boca é sinal de câncer?

Se você encontrou alguma ferida na região da boca e teme a possibilidade de algum tipo de câncer, não se preocupe, a equipe do ITL produziu esse texto para esclarecer as suas principais dúvidas quanto a feridas na boca.  

 

Introdução às feridas na boca

Feridas na boca podem ser causadas por uma variedade de fatores, além de que nem toda ferida na boca é grave ou indica alguma condição médica séria. Segue aqui uma breve descrição das causas mais comuns de feridas na boca: 

  • Trauma físico: morder a língua, bochecha ou lábios, ou ferir a boca durante a escovação dos dentes, comer alimentos duros ou de forma irregular, podem causar feridas 
  • Herpes labial: causado pelo vírus herpes simplex, o herpes labial resulta em feridas dolorosas nos lábios ou ao redor da boca. Essas feridas podem aparecer quando o sistema imunológico está enfraquecido devido a estresse, doença ou outros fatores 
  • Aftas: também conhecidas como úlceras aftosas, são pequenas feridas redondas ou ovais que podem aparecer na boca, língua, gengivas ou parte interna dos lábios. As aftas podem ser causadas por estresse, lesões na boca, sensibilidade alimentar, deficiências nutricionais ou mudanças hormonais 
  • Infecções fúngicas: a candidíase oral é uma infecção fúngica que pode causar feridas brancas na boca, língua e parte interna das bochechas. É mais comum em pessoas com sistemas imunológicos enfraquecidos, como bebês, idosos ou pessoas com HIV/AIDS 
  • Doenças autoimunes: condições como lúpus ou doença de Behçet podem causar feridas na boca como parte de seus sintomas 

 

É importante consultar um médico ou dentista se as feridas na boca persistirem por mais de duas semanas, forem extremamente dolorosas, recorrerem frequentemente ou estiverem acompanhadas de outros sintomas preocupantes. 

 

O que é Câncer de Boca?

O câncer de boca, também conhecido como câncer oral, refere-se a qualquer tipo de tumor maligno que se desenvolve nos tecidos da boca, incluindo os lábios, língua, gengivas, palato (céu da boca), bochechas e assoalho da boca.  

Este tipo de câncer pode se desenvolver em qualquer parte da cavidade oral e é mais comum em homens do que em mulheres. Em 2019, o Instituto Nacional de Câncer (INCa) estimou 14.700 novos casos de câncer de boca no Brasil, com 11.200 casos em homens e 3.500 em mulheres. 

 

Sinais e Sintomas 

Os sinais e sintomas do câncer de boca podem variar, mas geralmente incluem: 

  • Lesões persistentes: Feridas na boca que não cicatrizam dentro de duas semanas 
  • Manchas brancas ou vermelhas: Áreas brancas ou vermelhas anormais na boca, gengivas e língua 
  • Dor persistente: Dor na boca que persiste e não tem causa óbvia 
  • Inchaço: Inchaço persistente ou espessamento em qualquer parte da boca 
  • Dificuldade para engolir ou mastigar: Dificuldade em engolir alimentos ou mastigar normalmente 
  • Mudanças na voz: mudanças na voz, como rouquidão persistente
  • Perda de peso inexplicada: perda de peso sem motivo aparente  

 

Grupos de Risco

Vários fatores podem aumentar o risco de desenvolver câncer de boca, incluindo:  

  • Tabagismo: fumar cigarros, cigarros eletrônicos ou charutos aumenta significativamente o risco de câncer de boca. O risco é ainda maior para fumantes pesados e de longa data; 
  • Consumo de álcool: o consumo excessivo e regular de álcool está associado a um maior risco de câncer de boca. O risco é ainda maior para aqueles que fumam e bebem em conjunto;  
  • Tabagismo e consumo de álcool combinados: fumar e beber em conjunto aumenta muito o risco de câncer de boca em comparação com o consumo de cada substância isoladamente;  
  • Exposição ao sol: a exposição prolongada ao sol sem proteção nos lábios aumenta o risco de câncer de lábio;  
  • Dieta pobre em frutas e vegetais: Uma dieta pobre em frutas e vegetais pode aumentar o risco de câncer de boca;  
  • Infecção por HPV: alguns tipos do vírus do papiloma humano (HPV) estão associados a um aumento do risco de câncer de boca; 
  • Histórico familiar: ter parentes de primeiro grau (pais, irmãos) com câncer de boca pode aumentar o risco;  

 

É importante notar que o câncer de boca pode ocorrer em pessoas sem nenhum dos fatores de risco mencionados acima. No entanto, a presença desses fatores aumenta a probabilidade de desenvolver a doença. A detecção precoce é crucial para um prognóstico favorável, portanto, qualquer sinal ou sintoma suspeito deve ser avaliado por um profissional de saúde o mais rápido possível. 

 

Conheça como é feito o diagnóstico do câncer de boca e quais os tratamentos  

  • Exame físico e histórico médico: o médico ou dentista examina a boca, língua, gengivas, palato e outras áreas da cavidade oral em busca de sinais de câncer, enquanto também pode perguntar sobre os sintomas e o histórico médico do paciente; 
  • Biópsia: se uma lesão suspeita é encontrada, uma biópsia é geralmente realizada para confirmar o diagnóstico. Durante uma biópsia, uma pequena amostra de tecido é removida da lesão e examinada sob um microscópio para detectar a presença de células cancerígenas;  
  • Exames de imagem: imagens médicas como radiografias, tomografias computadorizadas (TC), ressonância magnética (RM) ou exames de imagem por PET-CT podem ser realizados para determinar a extensão do câncer, se ele se espalhou para outras áreas do corpo;  

 

Tratamentos

Os tratamentos para o câncer de boca variam de acordo com o estágio do câncer, sua localização e outras considerações individuais. Os principais tratamentos incluem:  

  • Cirurgia: a cirurgia é frequentemente realizada para remover o câncer de boca, juntamente com parte do tecido saudável ao redor para garantir a remoção completa do tumor. Dependendo do tamanho e da localização do câncer, a cirurgia pode envolver desde a remoção de pequenas lesões até a remoção de partes significativas da mandíbula ou da língua; 
  • Radioterapia: a radioterapia usa radiação de alta energia para destruir as células cancerígenas. Pode ser usada como tratamento primário para cânceres de boca em estágio inicial ou após a cirurgia para destruir quaisquer células cancerígenas remanescentes; 
  • Quimioterapia: a quimioterapia utiliza medicamentos para matar as células cancerígenas ou impedir seu crescimento e divisão. Pode ser usada sozinha ou em combinação com cirurgia e/ou radioterapia, especialmente em casos de câncer de boca avançado ou metastático;  
  • Terapia-alvo: essa abordagem utiliza medicamentos que atacam especificamente as células cancerígenas, geralmente com menos efeitos colaterais do que a quimioterapia tradicional. A terapia-alvo pode ser usada em combinação com outros tratamentos ou como tratamento de manutenção após a cirurgia;  
  • Imunoterapia: a imunoterapia estimula o sistema imunológico do corpo a combater o câncer. Pode ser uma opção para pacientes com câncer de boca avançado ou recorrente que não responderam a outros tratamentos; 

 

O plano de tratamento específico para cada paciente é determinado com base no estágio do câncer, sua localização, saúde geral do paciente e outras considerações individuais. O objetivo da equipe do ITL é oferecer o melhor tratamento possível para controlar o câncer, preservar a função e melhorar a qualidade de vida do paciente. 

 

Dicas de cuidados preventivos para evitar o câncer de boca  

A prevenção do câncer de boca é fundamental para reduzir o risco de desenvolver esta doença potencialmente grave. Aqui estão algumas medidas preventivas que podem ajudar a proteger a saúde bucal e reduzir o risco de câncer de boca:

  • Evitar o tabagismo: o tabagismo é um dos principais fatores de risco para o câncer de boca. Parar de fumar e evitar o uso de produtos de tabaco, como cigarros, cachimbos e charutos, pode significativamente reduzir o risco de desenvolver câncer de boca;  
  • Limitar o consumo de álcool: o consumo excessivo e regular de álcool está associado a um maior risco de câncer de boca. Limitar o consumo de álcool, ou evitar completamente o seu uso, pode ajudar a reduzir o risco de desenvolver esta doença;  
  • Manter uma boa higiene bucal: escovar os dentes pelo menos duas vezes ao dia, usar fio dental diariamente e fazer visitas regulares ao dentista são medidas essenciais para manter a saúde bucal e prevenir o câncer de boca; 
  • Proteger os lábios do sol: a exposição excessiva ao sol nos lábios pode aumentar o risco de câncer de lábio. Usar protetor labial com fator de proteção solar (FPS) e evitar a exposição prolongada ao sol, especialmente durante as horas de pico de radiação UV, pode ajudar a proteger os lábios;  
  • Ter uma alimentação saudável: uma dieta rica em frutas, legumes e alimentos integrais pode ajudar a reduzir o risco de câncer de boca. Evitar alimentos processados, ricos em gorduras saturadas e açúcares adicionados também é recomendado; 
  • Fazer exames bucais regulares: consultas regulares ao dentista permitem a detecção precoce de quaisquer alterações na boca que possam indicar câncer oral. Exames bucais de rotina são essenciais para identificar e tratar precocemente qualquer problema bucal, incluindo o câncer de boca;  

 

Ao adotar esses cuidados preventivos e manter um estilo de vida saudável, é possível reduzir significativamente o risco de desenvolver câncer de boca e promover a saúde bucal a longo prazo.   

Dr. Francisco Amorim

Dr. Francisco Amorim

Dr. Francisco Amorim é Doutor pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e Mestre pelo Hospital Heliópolis. Ele é Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (TCBC) e atua como médico credenciado nos Hospitais Mater Dei Premium e Israelita Albert Einstein, em Goiânia-GO.
Membro ativo da Sociedade Latino-Americana de Laringologia e Fonocirurgia, Sociedade Latino-Americana da Tireoide, Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF).
É diretor técnico do Instituto da Tireoide & Laringe (ITL), além de pesquisador e autor de artigos na área, destacando-se por sua contribuição significativa à ciência médica.

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