Instituto da Tireoide e Laringe

Afta na língua há mais de 15 dias: o que pode ser e o que fazer?

afta na língua é um problema que, embora seja pequeno, causa muito incômodo, afinal, usamos a língua para muitas coisas como comer, beber e falar — é impossível não fazer essas coisas, não é mesmo? A lesão que pode ser pequena, arredondada ou oval, esbranquiçada e com aproximadamente 1cm tem o nome científico de estomatite aftosa (úlcera bucal) e pode aparecer não apenas na língua como também na bochecha, no céu da boca, na garganta e até mesmo nos lábios.

Neste post, veremos como curar afta na língua e o que fazer se elas forem muitas e durarem mais de 15 dias. Acompanhe!

Como curar afta na língua?

Algumas pessoas evitam fazer uma higiene bucal completa quando estão com aftas na língua ou em outra área da boca por temerem sentir dor ou piorar a lesão.

Escovar os dentes

No entanto, uma das atitudes que faz curar a afta na língua é, justamente, fazer uma escovação correta usando uma escova extra macia (tomando o cuidado de não encostar na afta).

Usar enxaguante bucal

Após a escovação, use um enxaguante bucal ao menos três vezes ao dia. É fundamental que esse enxaguatório não contenha álcool, para não arder a afta nem aumentá-la.

Outras medidas

  1. Além disso, você pode aplicar uma pedra de gelo diretamente na afta.
  2. Também é aconselhável evitar alimentos muito cítricos como limão, abacaxi e laranja azeda
  3. Outra dica é fazer bochechos com água e bicarbonato de sódio.
  4. Usar produtos secativos que o dentista ou o médico poderá prescrever para você.

O que fazer se as aftas durarem mais de 15 dias?

O mais comum é que as aftas apareçam em menor quantidade e durem poucos dias. Entretanto, há casos que elas ultrapassam os 15 dias e que aumentam de tamanho e número. Nesse caso, o ideal é procurar um odontólogo ou médico para saber o que pode ser e indicar o melhor tratamento. A seguir, confira o que pode estar acontecendo!

Câncer de boca

Sim, uma lesão ulcerativa que não cura em 15 dias pode ser câncer bucal. De acordo com o INCA (Instituto Nacional do Câncer), cerca de 5.500 pessoas morrem anualmente de câncer de boca. Porém — e este post pode ajudar com isso — esse número pode diminuir se a doença for descoberta no estágio inicial. Aliás, ainda que a doença seja grave, se for diagnosticada cedo, as chances de cura chegam a 100%.

Outros dados importantes é que, 5% de todos os tumores do organismo acometem a cabeça e pescoço e desses 40% situam-se na boca, mais comumente na língua e soalho de boca, mas também na garganta. Cabe salientar que, no Brasil, os tumores de boca mais comuns são os cânceres de orofaringe, faringe, de cabeça e pescoço.

A lesão tumoral na língua pode se apresentar como uma afta na língua ou lesão ulcerada. Felizmente — pois pode facilitar o diagnóstico — ambas são dolorosas e isso faz com que o paciente procure um médico para aliviar a dor.

No entanto, podem se apresentar de outra forma, como uma lesão plana branca (leucoplasia) ou vermelha (eritroplasia), que, em geral, não causam dor. Por causa da falta de sintomas, nesses últimos casos, o câncer costuma ser diagnosticado em estágios mais avançados.

“Mas como posso imaginar que o que aparenta ser uma afta na língua pode ser, na verdade, um câncer?”

Vamos lá!

Alguns sinais podem mostrar que o que você tem não é uma afta na língua e sim um tumor. São eles:

  •       lesão dentro da boca ou nos lábios que dura mais de 15 dias;
  •       lesão em forma de placa branca e indolor;
  •       áreas com volume aumentado (você sente ao passar a língua);
  •       lesão plana vermelha ou branca e quase sempre indolor na língua, palato (céu da boca), gengivas, mucosa jugal (a parte interna da bochecha ou lábios);
  •       nódulos (caroços) no pescoço;
  •       rouquidão persistente.

Em casos mais avançados, os sintomas:

  •       Sensação de algo preso na garganta;
  •       Dificuldade de mastigar e de engolir;
  •       Dificuldade para falar.

Ao notar tais sinais, procure um profissional de saúde, que pode ser um cirurgião-dentista, um estomatologista (dentista especializado em doenças bucais) ou mesmo um clínico geral.

O seu dentista ou o médico o encaminharão ao estomatologista que, se suspeitar que seja mesmo um tumor, pedirá exames como uma biópsia que descobrirá do que realmente se trata. Se for um câncer de boca ou garganta, ele indicará o melhor tratamento.

Como prevenir o câncer de boca?

O câncer de boca é uma doença que pode ser facilmente prevenida e a prevenção começa pelas visitas periódicas ao dentista (em geral, a cada seis meses), que examina não apenas os dentes, mas toda a sua boca e vai te avisar, caso encontre uma lesão suspeita.

A prevenção é feita com:

  •       não fumar ou abandonar o fumo;
  •       evitar bebidas alcoólicas;
  •       dieta rica em alimentos saudáveis;
  •       boa higiene oral.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita que a prevenção ajude a diminuir os casos de câncer de boca e garganta em até 25% até 2025.

Como tratar o câncer de boca?

Se descoberto no início e o tratamento for adequado, a grande maioria dos casos desse tipo de câncer são curados. Em geral, o tratamento é feito pelo cirurgião de cabeça e pescoço que devem indicar as melhores opções de tratamento.

Se você apresenta afta na língua que dura por dias e acredita que alguns dos sinais aqui relatados possam ser preocupantes, procure um médico.

E se você já teve confirmação de que se trata de um tumor na boca, agende uma consulta com um médico cirurgião de cabeça e pescoço.

Se você está com uma afta na língua há mais de 15 dias, agende uma avaliação adequada.
Francisco Amorim

Francisco Amorim

Dr. Francisco Amorim é Doutor pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e Mestre pelo Hospital Heliópolis. Ele é Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (TCBC) e atua como médico credenciado nos Hospitais Mater Dei Premium e Israelita Albert Einstein, em Goiânia-GO.
Membro ativo da Sociedade Latino-Americana de Laringologia e Fonocirurgia, Sociedade Latino-Americana da Tireoide, Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF).
É diretor técnico do Instituto da Tireoide & Laringe (ITL), além de pesquisador e autor de artigos na área, destacando-se por sua contribuição significativa à ciência médica.

CONHEÇA MAIS SOBRE O AUTOR
Abrir bate-papo
Olá, Precisa de ajuda?