Glândulas salivares: como a falta de hidratação pode afetá-las? 

Você já notou que, depois de um dia muito quente ou quando passa horas sem beber água, sua boca começa a ficar seca, a língua parece áspera e até falar ou engolir fica mais difícil?  

Isso acontece porque suas glândulas salivares dependem diretamente da hidratação para funcionar bem. 

A saliva não é apenas um “líquido” que molha a boca. Ela é fundamental para mastigar, falar, engolir, sentir o gosto dos alimentos e, principalmente, proteger a boca contra bactérias e doenças.  

Neste texto, vamos entender como as glândulas salivares funcionam, por que a água é tão importante para elas e quais problemas podem surgir quando não bebemos líquidos suficientes. 

Continue a leitura para saber mais! 

O que são e onde ficam as glândulas salivares 

As glândulas salivares são como pequenas fábricas de saliva espalhadas na boca e ao redor dela.  

Temos três pares principais: as parótidas, localizadas na frente das orelhas; as submandibulares, que ficam abaixo da mandíbula; e as sublinguais, logo abaixo da língua. 

Além dessas maiores, existem dezenas de glândulas menores distribuídas nas bochechas, lábios e céu da boca. Todas juntas produzem, em média, entre 0,5 e 1,5 litro de saliva por dia, dependendo de fatores como alimentação, hidratação e saúde geral. 

O papel da saliva na saúde bucal 

A saliva é muito mais importante do que parece. Ela lubrifica toda a cavidade oral, facilitando a fala, a mastigação e a deglutição dos alimentos. Também contém enzimas, como a amilase, que iniciam a digestão ainda na boca, quebrando o amido dos alimentos. 

Outro papel fundamental é a proteção contra doenças. A saliva neutraliza ácidos produzidos por bactérias, mantém o pH da boca equilibrado e ajuda a remover restos de comida.  

É como se ela fosse uma “linha de defesa natural” que trabalha 24 horas por dia para evitar cáries, mau hálito e infecções. 

Como a falta de hidratação afeta as glândulas salivares

A saliva é formada, em grande parte, por água. Quando o corpo está desidratado, ele prioriza funções vitais como circulação e temperatura, diminuindo a produção de saliva.  

O resultado é a boca seca, também chamada de xerostomia. 

Esse ressecamento não afeta apenas o conforto. Sem a saliva, o risco de doenças bucais aumenta, a mastigação fica difícil e até o paladar pode mudar.  

Um exemplo comum é quando ficamos gripados e respiramos pela boca à noite: no dia seguinte, acordamos com a boca tão seca que até engolir é desconfortável. 

Para entender melhor, imagine uma máquina funcionando sem óleo lubrificante: ela começa a travar e desgastar as peças. É exatamente isso que acontece na boca quando a produção de saliva é insuficiente. 

Boca seca (xerostomia) 

A desidratação é uma causa frequente da xerostomia. Quando a boca permanece seca por muito tempo, a proteção natural da região oral fica comprometida. Isso pode levar ao aparecimento de: 

• cáries; 

• gengivite; 

• candidíase da boca; 

• mau hálito persistente; 

• infecções. 

Além disso, muitas pessoas relatam sensação de ardência na língua, dificuldade para engolir alimentos secos e até alterações no paladar, tornando a comida menos saborosa. 

Cálculo nas glândulas salivares (sialolitíase) 

Outro problema que pode surgir é a formação de pequenos “pedras” dentro das glândulas salivares, conhecidas como cálculos ou sialólitos.  

Elas se formam quando a saliva fica mais espessa e concentrada, o que acontece com frequência em quem não bebe água suficiente. 

Esses cálculos bloqueiam a saída da saliva, causando dor e inchaço, principalmente na hora das refeições, quando as glândulas tentam trabalhar mais.  

Em alguns casos, o bloqueio pode levar a infecções dolorosas e até necessidade de cirurgia para remoção. 

Um exemplo simples: pense na diferença entre uma mangueira limpa e outra entupida por sujeira seca.  

Com pouco fluxo, a água não passa — o mesmo acontece com a saliva quando os ductos ficam obstruídos. 

Para diagnosticar e tratar os cálculos nas glândulas salivares, é necessário realizar uma sialoendoscopia – (endoscopia das glândulas salivares). 

Outras consequências da desidratação para as glândulas salivares 

A baixa hidratação prolongada pode trazer diversos problemas para o funcionamento dessas glândulas, como: 

• Infecções nas glândulas salivares (sialadenites) – geralmente causam dor intensa, febre e inchaço visível no rosto ou pescoço. 

• Inflamações recorrentes – provocam desconforto constante e podem dificultar a mastigação e a fala. 

• Prejuízo na digestão – como a saliva é o primeiro passo do processo digestivo, sua falta compromete a quebra inicial dos alimentos e a absorção adequada de nutrientes. 

Quando procurar um especialista 

Procure médico se notar: 

• boca seca constante; 

• dor ou inchaço próximo à mandíbula ou bochecha; 

• nódulos ou secreção anormal na boca; 

• dificuldade para engolir. 

Esses sinais podem indicar que algo não vai bem com as glândulas salivares e merecem atenção imediata. 

Como prevenir problemas nas glândulas salivares

A melhor forma de manter as glândulas salivares saudáveis é beber água ao longo do dia, não apenas quando sentir sede.  

Carregar uma garrafa de água é um hábito simples que ajuda a manter a hidratação constante. 

Também é importante evitar excessos de bebidas com efeito diurético, como café e álcool, que aumentam a eliminação de líquidos.  

Outro cuidado é manter uma alimentação saudável, com pouco sódio, já que o sal em excesso favorece a retenção de líquidos e pode prejudicar o equilíbrio da hidratação corporal. 

Frutas, verduras e legumes, além de nutritivos, contribuem para manter o corpo e as glândulas bem hidratados. 

Como já dizia Hipócrates, há mais de dois mil anos: 

“Deixe a comida ser o seu remédio e o remédio ser a sua comida.” 

Hoje, podemos acrescentar: deixe a água ser sua aliada todos os dias. Hidratar-se adequadamente não é apenas um cuidado simples, mas um hábito que influencia diretamente sua saúde oral, digestiva e geral.  

Ao cuidar das glândulas salivares, você também protege todo o equilíbrio do seu organismo, garantindo mais qualidade de vida e bem-estar a curto e longo prazo.