Feridas crônicas (que não cicatrizam): um constante desafio no tratamento
As feridas crônicas (que não cicatrizam) afetam milhares de pessoas a cada ano e constituem um verdadeiro problema, tanto na qualidade de vida quanto no aspecto financeiro dos pacientes (devido aos custos do tratamento).
Muitos dos métodos atualmente disponíveis para o tratamento das feridas crônicas acabam não sendo totalmente eficazes, o que impulsiona médicos e pesquisadores em todo o mundo a encontrar novas soluções para esse problema de difícil tratamento.
Nas feridas crônicas, as fases da cicatrização normal do nosso organismo não se completam, mantendo a lesão exposta por pelo menos 30 dias.
Por que algumas feridas não cicatrizam?
Algumas doenças, como diabetes, doenças autoimunes, doenças vasculares, obesidade, neuropatia ou infecções, além do uso de medicações como anti-inflamatórios ou glicocorticoides e até mesmo tratamentos para o câncer (cirurgia, radioterapia, quimioterapia), podem afetar o processo de cicatrização e levar à formação de feridas crônicas.
A idade do paciente, a condição nutricional e hábitos de vida inadequados, como tabagismo e consumo exagerado de bebida alcoólica, também são fatores extrínsecos importantes na evolução de uma ferida crônica.
O crescimento dos casos de feridas crônicas no mundo
Em países desenvolvidos, 1%–2% da população em geral tem feridas crônicas que não cicatrizam. Com uma sociedade envelhecendo a cada dia e uma população crescente de pacientes com diabetes, obesidade, doenças oncológicas e doenças vasculares, acredita-se que esses números aumentem nos próximos anos.
Vale ressaltar que a qualidade de vida dos pacientes com feridas crônicas é prejudicada e, em alguns casos, eles apresentam altas taxas de morbidade e mortalidade em decorrência das complicações dessas lesões.
Diabetes e o risco de úlceras crônicas
Para termos uma ideia, em se tratando de pacientes diabéticos, aproximadamente 15% das pessoas que são portadoras dessa doença tiveram ou têm úlcera diabética durante a vida.
Além disso, 85% das amputações em pacientes diabéticos são causadas por ulcerações iniciadas em membros inferiores (principalmente nos pés), agravadas quando há uma infecção local.
Feridas crônicas em pacientes oncológicos
Nos pacientes oncológicos, a situação pode ser semelhante, pois as complicações da cicatrização de feridas e a perda de tecido podem ser causadas tanto pelo próprio tumor quanto pelo método de tratamento realizado. Um problema comum nesses pacientes são infecções no local da cirurgia oncológica, que também podem retardar o processo de cicatrização.
Os efeitos colaterais da radioterapia podem ser agudos (surgindo horas a semanas após o tratamento) ou tardios (aparecendo meses ou anos após a radioterapia). As lesões agudas incluem hiperpigmentação e ulceração precoce na pele, enquanto os efeitos tardios se apresentam como fibrose tecidual, necrose, atrofia, danos vasculares e feridas crônicas que não cicatrizam.
Os danos à pele são um dos efeitos colaterais agudos mais frequentes da radioterapia.
O número de feridas complicadas e defeitos teciduais decorrentes do câncer e do seu tratamento oncológico representa um grande desafio no trabalho árduo e diário dos oncologistas e profissionais que lidam com feridas, pois esses eventos adversos pioram significativamente a qualidade de vida dos pacientes.
No entanto, é importante ressaltar que, independentemente das possíveis complicações, o tratamento oncológico deve ser priorizado e conduzido pelo médico especialista, que irá identificar precocemente um possível efeito colateral e iniciar o tratamento mais adequado.
Como a obesidade interfere na cicatrização
Os pacientes obesos também apresentam dificuldade no processo de cicatrização das feridas. Isso ocorre devido a vários fatores, tais como:
- Inflamação sistêmica persistente: prolonga a fase inflamatória da cicatrização e dificulta a recuperação da ferida.
- Fluxo sanguíneo reduzido: a obesidade diminui o fluxo sanguíneo para a região da ferida, dificultando o fechamento da lesão.
- Retenção de líquidos: o excesso de tecido adiposo favorece o acúmulo de líquidos na topografia da ferida, dificultando sua cicatrização.
- Alterações no sistema imunológico: a obesidade está associada a alterações no sistema imunológico, um dos principais responsáveis pela cicatrização normal da ferida.
Terapia celular: uma nova esperança para feridas crônicas
Diante de todas essas adversidades na evolução das feridas crônicas e seu tratamento, muita atenção tem sido dada, nos últimos anos, ao uso da terapia celular no tratamento dessas feridas.
Avanços nas pesquisas e o desenvolvimento de novas tecnologias de transplante celular pertencentes à medicina regenerativa vêm se expandindo em diversas especialidades, mostrando-se uma nova esperança de modalidade de tratamento para enfermidades crônicas, para as quais ainda não há solução definitiva na medicina convencional.
Se você tem uma que não cicatriza, principalmente associada a outros sinais, como dor, inchaço, sensação de calor e mau cheiro, é essencial procurar ajuda médica o quanto antes. Identificar a causa do problema é o primeiro passo para um tratamento eficaz, evitando complicações mais graves.
Com o acompanhamento de profissionais especializados, é possível encontrar a melhor abordagem para acelerar a cicatrização e melhorar sua qualidade de vida.
O que caracteriza as feridas crônicas?
Uma ferida crônica é aquela que não cicatriza devido a problemas no processo de regeneração da pele.
Quais são as principais causas das feridas crônicas?
Doenças como diabetes, problemas vasculares, obesidade, infecções, uso de certos medicamentos e tratamentos oncológicos podem dificultar a cicatrização.
Como a diabetes afeta a cicatrização de feridas?
O diabetes compromete a circulação sanguínea e a resposta imunológica, aumentando o risco de úlceras crônicas e infecções, principalmente nos pés.
O tratamento do câncer pode causar feridas crônicas?
Sim, tanto o tumor quanto os tratamentos como cirurgia, radioterapia e quimioterapia podem prejudicar a cicatrização e causar feridas de difícil resolução.