Câncer de cabeça e pescoço tem alto índice no Brasil; conheça os sintomas
Taxa de mortalidade no país é alta e pode ser associada ao diagnóstico tardio e início do tratamento em estágio avançado da doença.
Os cânceres de cabeça e pescoço reúnem tumores malignos que atingem a boca, orofaringe e faringe (região atrás da língua), laringe (onde estão presentes as cordas vocais), nariz, seios paranasais, nasofaringe, órbita, glândulas salivares, pele da face, pescoço e tireoide.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que, a cada ano, estima-se cerca de 1,5 milhão de novos casos de câncer de cabeça e pescoço no mundo e cerca de 460 mil mortes anualmente.
No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) aponta que um pouco mais de 36 mil novos casos de câncer de cabeça e pescoço são diagnosticados a cada ano. “Este é o quinto tipo de câncer mais incidente no Brasil. Entre os homens, o câncer de cabeça e pescoço mais comum é o de boca, enquanto entre as mulheres o câncer de tireoide é o mais frequente”, explica o cirurgião de cabeça e pescoço, Dr. Francisco Amorim, diretor técnico do Instituto da Tireoide & Laringe. De acordo com o especialista, o índice de mortalidade no Brasil é alto e pode ser
associado principalmente ao diagnóstico tardio e início do tratamento em estágio
avançado da doença. “Muitos cânceres têm grande chance de serem curados se
diagnosticados precocemente e tratados adequadamente. No caso dos tumores de cabeça
e pescoço, quando o diagnóstico é precoce e o tratamento realizado na fase inicial, o
paciente tem em média 80% de chances de sobreviver. Mas a prevenção primária mais
eficaz no combate ao câncer é baseada na informação. Por isso, tomar conhecimento
dos fatores de risco para câncer de cabeça e pescoço e conversar sobre eles com o
médico especialista, caso desconfie de algo, pode ajudá-lo a fazer escolhas de estilo de
vida e melhores cuidados à sua saúde”, alerta Dr. Amorim.
Com isso em mente, o cirurgião lista os principais fatores de risco. Confira:
Tabagismo
O hábito de fumar cigarro e seus derivados (charutos, narguilé, cachimbo e cigarros
eletrônicos) é o principal fator de risco para o câncer de cabeça e pescoço.
Pesquisadores estimam que cerca de 80% dos casos estão relacionados ao uso de tabaco
e a quantidade do consumo dessa substância pode sim afetar o sucesso do tratamento e o
prognóstico do paciente. Além disso, pessoas que convivem com fumantes (passivos)
também apresentam risco de desenvolver câncer nessa região. “Uma pesquisa inédita, publicada
na revista científica World Journal of Oncology, descobriu que usuários de cigarros eletrônicos são
diagnosticados com câncer com tempo menor de uso do que os fumantes convencionais.
O risco em desenvolver um tumor maligno é bem maior nos usuários de cigarros eletrônicos,
quando comparados tanto aos que não fumam cigarro e derivados, como aos usuários de cigarro
tradicional”, alerta o especialista.
Álcool
O consumo excessivo de bebidas alcoólicas aumenta as chances de desenvolver
diversos tipos de câncer, incluindo os de boca, faringe, laringe e esôfago. “Quando
associado ao consumo de cigarro e derivados, as chances são aumentadas em 20 vezes
se comparado a uma pessoa que não consome bebida alcóolica em excesso e não fuma”,
conta o cirurgião.
HPV
A infecção pelo papilomavírus humano (HPV), transmitido sexualmente, tem
aumentado a incidência de câncer de cabeça e pescoço, principalmente entre jovens
adultos. “A atividade sexual com uma pessoa que tem o HPV é a forma mais comum de
contrair esse vírus. As regiões mais acometidas pelas lesões são faringe, cavidade oral e
laringe. As vacinas contra o HPV podem impedir que as pessoas desenvolvam certos
tipos de câncer”.
Má higiene
“Problemas com a saúde bucal não resolvidos contribuem para o aumento das chances
de desenvolver câncer na cavidade oral”, diz o Dr. Francisco Amorim. Conforme o
especialista, o uso de próteses dentárias mal adaptadas também é um fator de risco, já
que podem causar traumas e feridas crônicas na região. “Cuidados inadequados com a
boca e os dentes podem, sim, aumentar o risco de câncer de cabeça e pescoço”,
acrescenta.
Substâncias tóxicas
Pessoas que são expostas sem a devida proteção ao amianto, pó de madeira, derivados
de petróleo, entre outras substâncias, também precisam ficar alertas. “Pessoas que
trabalham na indústria e são expostas a cheiro forte de tintas e solvente, a níquel, são
outros exemplos”.
Dieta
Uma dieta pobre em vitamina A e B pode aumentar o risco de uma pessoa ter câncer de
cabeça e pescoço. “Hábitos de vida saudáveis, como prática de esporte e a boa
alimentação, com aumento da ingestão de frutas e vegetais, auxiliam na prevenção
dessas e outras doenças. Além disso, visitar o médico regularmente para fazer check-up
pode evitar possíveis diagnósticos tardios”, finaliza o cirurgião.
Saiba mais sobre o assunto na entrevista do Dr. Francisco Amorim para o jornal O Popular:
Dr. Francisco Amorim CRM 14221
Cirurgião de Cabeça e Pescoço
Diretor Técnico do Instituto da Tireoide & Laringe